Neste artigo, faremos uma abordaremos a plataforma Não me Perturbe, lançada em julho de 2019, que teve uma alta demanda de cadastros nas primeiras 12 horas, chegando a 250 mil registros.

Faremos uma avaliação do serviço em relação à usabilidade e à parte técnica do site. No final, deixaremos a avaliação para os leitores decidirem se vale a pena utilizar o serviço no site naomeperturbe.com.br.

É importante esclarecer que o serviço Não me Perturbe não é da ANATEL, embora tenha sido autorizado por ela.

Trata-se de uma iniciativa conjunta das empresas de telecomunicações para criar um cadastro único de pessoas que não desejam receber chamadas de telemarketing.

A ideia é ter um cadastro com nome, e-mail, CPF e número de telefone das pessoas interessadas em bloquear essas ligações indesejadas.

Chamou a atenção o fato de o serviço estar sendo divulgado na mídia como se fosse da ANATEL, o que não é verdade.

É importante ressaltar que o serviço é autorizado pela ANATEL, mas não é operado diretamente por ela. É uma iniciativa das empresas de telecomunicações com a autorização da ANATEL.

Ao acessar o site, percebe-se que a identidade visual não é bem definida e o site apresenta uma aparência minimalista.

A falta de um logo e uma identidade visual mais clara pode gerar certa desconfiança nos usuários. No entanto, isso por si só não indica necessariamente problemas com o serviço.

Em relação à usabilidade, é necessário destacar que não existe um CNPJ específico para o termo de uso entre o usuário e o site.

Isso pode gerar dúvidas sobre o contrato entre o usuário e o site, pois não há uma entidade específica responsável por isso. Além disso, é importante observar que, após o bloqueio ser solicitado, as empresas têm um prazo de 30 dias para parar de ligar para o usuário.

Porém, o que não é divulgado é que, após um ano, o Não me Perturbe pode entrar em contato com o usuário para confirmar a opção de manter o bloqueio ou solicitar a renovação do pedido no site.

Analisando a política de privacidade, percebemos que os dados fornecidos pelos usuários são acessados apenas por profissionais devidamente autorizados.

No entanto, a descrição desses profissionais não fica clara, o que pode gerar dúvidas sobre quem exatamente terá acesso aos dados dos usuários.

Ao analisar o código-fonte do site, identificamos algumas questões preocupantes. O código inclui bibliotecas do Firebase, mas parece que não foram totalmente utilizadas. Além disso, notamos a presença do Google Analytics, que é uma ferramenta comum para análise de dados, mas não indica problemas em si.

No entanto, uma preocupação maior surge ao analisar o código-fonte e observar que todos os links são funções executadas pelo site. Isso significa que todas as rotas do site são visíveis e acessíveis aos usuários. Essa falta de restrição nas rotas pode

representar uma vulnerabilidade de segurança, permitindo que usuários mal-intencionados acessem e manipulem informações sensíveis. Além disso, o uso de autenticação fraca no código, como a exibição de senhas em texto simples, é uma prática insegura.

Isso pode facilitar o acesso não autorizado às contas dos usuários.

Outro aspecto preocupante é a falta de uma identidade visual consistente e a ausência de um contrato claro entre os usuários e o site. Isso levanta dúvidas sobre quais profissionais têm acesso aos dados fornecidos e como essas informações serão utilizadas.

A transparência na política de privacidade é fundamental para garantir a confiança dos usuários.

Ao analisar o código-fonte, foi observado que as rotas são implementadas de forma insegura, utilizando parâmetros diretamente nas funções.

Isso possibilita a manipulação e obtenção de dados de outros usuários cadastrados, o que representa um sério risco de violação de privacidade. Além disso, a forma como o código lida com a criptografia dos dados pessoais levanta preocupações, uma vez que utiliza uma técnica que parece ser inadequada para garantir a segurança das informações.

Considerando essas questões, é importante ressaltar que o serviço “Não Me Perturbe” não é uma iniciativa da ANATEL, mas sim uma autorização concedida por essa agência para um consórcio de empresas de telecomunicações.

Embora a ideia de um cadastro único para bloquear chamadas de telemarketing seja positiva, é fundamental que os aspectos técnicos e de segurança sejam tratados adequadamente.

No geral, a falta de medidas de segurança adequadas, a ausência de uma identidade visual consistente e a falta de transparência em relação ao uso dos dados são aspectos que levantam preocupações em relação ao serviço “Não Me Perturbe”. É importante que os responsáveis pelo site tomem providências para corrigir essas falhas e garantir a segurança e privacidade dos usuários.

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